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“Pouco valor terá a catequese, mesmo substanciosa e segura, se não for transmitida com eficiência de expressão e apoio daqueles subsídios didáticos que hoje se apresentam sempre mais ricos e sugestivos”.
(João Paulo II)

domingo, 10 de julho de 2011

formação

QUERIGMA E CATEQUESE
Evangelização Profética: Querigma e catequese

                      O processo de evangelização passa por duas etapas: o querigma e a catequese. Estes dois aspectos são interdependentes, mas são diferentes. Ambas as formas constituem a evangelização profética. Não podemos ficar somente com a evangelização querigmática, nem dividir e só ficar com a catequese. Não podemos dividi-las, nem separá-las, uma pressupõe a outra, não podemos dar uma só coisa.
                     A proclamação querigmática nos leva à catequese como conseqüência, e esta não pode ser dada sem antes assentar a base da proclamação querigmática.
A proclamação querigmática é o primeiro anúncio de Jesus, é a primeira mensagem; a Boa Nova de Jesus.
                   O querigma é o forte badalo do sino e, o ressoar que vem depois, é a catequese. A catequese é o ensino progressivo da fé. Deverá ser um ensino constante, seguindo uma seqüência progressiva.
Querigma - primeiro anúncio da Boa Nova. Pelo querigma eu levo o evangelizado a nascer para a fé (Nicodemos).
Catequese - ensino sistemático da fé. Pela catequese eu levo o evangelizado a crescer na fé.

E a formação dos catequistas?

          Muitos catequistas receberam os sacramentos da Iniciação (batismo, crisma e eucaristia), mas ficaram no estágio da fé herdada. Esses catequistas diante dos desafios se vêem interpelados a tratar com os catequizandos  de conteúdos e convicções dos quais não estão seguros, ou nem sequer assimilaram. Sentem-se desnorteados diante dos desafios e problemas que os superam e para os quais devem dar respostas para si e para os catequizandos.
         Além de graves lacunas no conhecimento da fé, os catequistas revelam fragilidade quanto à espiritualidade e às  convicções cristãs. Mesmo assim possuem boa vontade e desejo de superar suas limitações. Dedicam-se ao estudo, reflexão, oração e muitos não contam com apoio da própria estrutura eclesial para realizar a missão que  assumiram.

2) NOVO PARADIGMA PARA A CATEQUESE:

  • Catequese Evangelizadora
  • Catequese Experiencial
  • Catequese Mistagógica

  • Catequese Narrativa
 MISTAGOGIA NO PROCESSO PEDAGÓGICO DA FÉ

A catequese mistagógica tem a função de anunciar com fervor o Kerigma (AT 8,30-31.334.35)

               Anunciar Jesus Cristo vivo é uma tarefa que o batismo nos impõe. Descobrir os “novos areópagos” hoje constitui-se num grande desafio para a catequese. É necessário voltar a anunciar JC em nossos ambientes. Trata-se de uma urgência pastoral: ou anunciamos Jesus Cristo novamente ou o mundo já não será mais cristão.

Anúncio como MENSAGEM EVANGÉLICO-CRISTÃ: (DNC 97)

             “Na catequese, quando se fala em conteúdo, pensa-se em geral na doutrina e na moral”. Mensagem é comunicação de algo importante. João Paulo II afirmou: “Quem diz mensagem diz algo mais que doutrina”.
             Quantas doutrinas de fato jamais chegaram a ser mensagem. A mensagem não se limita a propor idéias: ela  exige uma resposta, pois é interpelação entre pessoas, entre aquele que propõe e aquele que responde. A  mensagem é VIDA.
             O termo mistagogia vem entrelaçado com o termo iniciação cristã. A mistagogia é vista como processo que  conduz ao Mistério, logo INICIAÇÃO CRISTÃ é INICIAÇÃO AO MISTÉRIO.
             Mistério: palavra grega (mystérion) usada no Novo Testamento para designar o plano de salvação que o Pai realizou em Cristo Jesus (Ef 1,3-14), principalmente por sua Morte e Ressurreição, por consequênica, mistério é tudo o que a Igreja realiza para manifestar e realizar essa salvação divina ao longo da história, sobretudo os sacramentos ( a palavra latina sacramento é tradução da palavra grega mystérion). A iniciação cristã é sempre iniciação aos mistérios de Cristo Jesus e de sua Igreja, através sobretudo do exercício da vida cristã e da celebração dos sacramentos.

A SITUAÇÃO ATUAL DA FORMAÇÃO DOS CATEQUISTAS:

                      FORMAÇÃO: o termo formação vem do verbo formar, cuja raiz é do hebraico (yatsar), literalmente, formar, modelar, projetar, planejar, organizar e configurar. Sua ênfase catequética é a de moldar o agente envolvido ou dar-lhe forma. É utilizado para designar a ação divina quanto a ação humana. Catequeticamente falando, ao investir na formação estamos investindo em dar forma ao existente. Ou seja, fazer progredir a ação ensinada.
                    Formar projetando um novo interlocutor, ouvinte e servidor do conteúdo apreendido. Formamos para quê e em vista de quê? Como a Igreja está investindo na formação dos seus catequistas? Os formadores de catequistas acentuam o caráter iniciático- bíblico-catequético? Quem recebe é capaz de multiplicar com criatividade o
conteúdo apreendido?
                   A atual formação tem priorizado o conteúdo no estilo intelectual, dogmático, sintético, acadêmico, sem a real incidência na vida e missão. A falha principal está no aspecto essencial da própria vida cristã, isto é, a conversão, o encontro pessoal com Jesus Cristo vivo e o impulso para o crescimento rumo à maturidade de discípulo missionário na intimidade com o Senhor, na inserção na comunidade e no compromisso com a missão.
                   Nossos catequistas precisam, portanto, de uma complementação da INICIAÇÃO Á VIDA CRISTÃ, que iniciaram na infância, como a maioria dos católicos. Essa complementação, porém, segundo um processo bem articulado e experiencial, para que possam assumir, com responsabilidade, a sua formação permanente e, consequentemente, desempenhar sua missão de catequistas, com o devido preparo e constante atualização queela requer.

                  Ao pensar a formação dos catequistas e dos agentes da evangelização para uma catequese de iniciação à vida cristã, faz-se necessário recordar que o caminho de formação do cristão no início do cristianismo se dava pelo caráter experiencial, na qual era determinante o encontro vital com Jesus Cristo, anunciado com autenticidade
pelas testemunhas “Vós sois as testemunhas destas coisas” (Lc 24,48).
               O Diretório Nacional de Catequese (2006) e o Documento de Aparecida (2007) acentuam a necessidade de formar discípulos missionários. Partindo do contexto de nossas dioceses, prelazias, paróquias e comunidades temos que nos indagar: quais são as maiores necessidades de nossos catequistas? Quais os desafios que uma sociedade em profundas mudanças nos aponta? Existem muitas iniciativas, escolas diocesanas bíblico-catequéticas, cursos de pós-graduação, mas o que está faltando?
                Não é suficiente aumentar os conhecimentos para saber anunciar, mas sim a forma com que ensinamos e recebemos o conteúdo aprendido. Daí a importância e dar um salto de qualidade em nossa formação. Passar do conteúdo meramente técnico cientifico para um conteúdo mistagógico. “As indicações pedagógicas adequadas à catequese são aquelas que permitem comunicar a totalidade da Palavra de Deus no coração da existência das pessoas. (DGC n. 146).
 
CNBB:
              Em nível nacional a CNBB através do GRUPO DE REFLEXÃO DAS ESCOLAS CATEQUÉTICAS vem desenvolvendo uma reflexão a respeito dos conteúdos e metodologias na perspectiva da dimensão catecumenal para as escolas
bíblico-catequética diocesanas e regionais.

UMA PROPOSTA FORMATIVA:

A) A comunidade cristã como educadora e formadora: a iniciação à vida cristã não é umas das tantas atividades existentes na Igreja, mas a atividade eclesial que gera novos membros na fé. “Não ser vive a fé apenas individualmente, mas em comunidade; a fé do cristão cresce na medida em que ele caminha com a comunidade na busca e cumprimento da vontade de Deus.”(CR n.250). A experiência da leitura orante da
Palavra, as celebrações, a acolhida, vida fraterna e comunhão entre os seus membros e busca constante da transformação da sociedade são características de uma comunidade catequizadora, formadora de discípulos missionários.

B) Família, primeira educadora da fé de seus filhos: a iniciação à vida de fé na família acontece naturalmente a partir das relações de afeto, acolhida, gratuidade... è necessário dedicar mais tempo às famílias e oferecer- lhes um itinerário de iniciação à vida cristã, são os adultos que não foram suficientemente evangelizados einiciados.

BUSCA DA FORMAÇÃO INTEGRAL

             Não pode haver níveis paralelos na vida do cristão e do catequista: o espiritual, o secular e o apostólico, é essencial que todos sejam formados de modo integral e para uma ação integral e integrada.
              Na formação do cristão é indispensável buscar a unidade e a harmonia da pessoa como gente. Para isso é importante, desde o início do processo evangelizador e pastoral, cuidar bem da pessoa humana, do catequista,  isto é, educar e disciplinar as próprias tendências emocionais, intelectuais, de caráter, etc., a fim de favorecer o crescimento humano e cristão e oferecer-lhe um programa de vida ordenado e coerente.

UM NOVO PERFIL DE CATEQUISTA PARA INICIAÇÃO CRISTÃ:

              É necessário o acompanhamento na formação do catequista para a catequese iniciática. Não queremos mais pensar em uma formação como simples repasse de conceitos, alguém que repete o que ouviu nos cursos e congressos. Mas nosso horizonte maior será formar catequistas competentes, capazes de responder aos inúmeros desafios da nossa realidade autal. (DAp,n.12).
             O catequista é um anunciador da Palavra de Deus. “Desconhecer a Escritura é desconhecer Jesus Cristo e renunciar a anunciá-lo”. (DAp, n.247). Será capaz de narrar com competência as obras do Deus Salvador nas Escrituras, das ações de Jesus Cristo nos Evangelhos e na nossa história de vida pessoal e da comunidade iluminados pelo Espírito Santo. É importante acentuar a centralidade do mistério pascal em nossa narração.
             Formar para perceber e ler os sinais dos tempos. Criar a sensibilidade para perceber Deus atuando em nossa história de vida pessoal e também na comunidade de fé.
             O catequista terá a missão de olhar a realidade na perspectiva propositiva, com olhar crítico e ao mesmo tempo esperançoso. Não é um especialista em determinadas áreas, mas alguém que foi introduzido no mistério cristão, fez a experiência do encontro com o ressuscitado e que hoje, como discípulo, se coloca a serviço do Reino com uma grande abertura para se deixar guiar e iluminar pelo Espírito Santo com a missão de educar as futuras gerações à maturidade na fé.
              O novo catequista procurará desenvolver um projeto de formação continuada e global, suscitando a conversão e o crescimento na fé. Itinerário sistemático e orgânico com a finalidade de educar à maturidade na fé e a transmissão da mensagem cristã.
               Essa mensagem deverá ser gradual, focalizada sempre no essencial, a pessoa e os ensinamentos de Jesus Cristo, favorecendo a dinâmica do encontro e do discipulado.
               É importante acentuar também a capacidade do catequista de transmitir aos outros suas experiências de vidacristã.

CATEQUISTA MISTAGOGO: à semelhança da palavra pedagogo, é aquele que introduz o catecúmeno ou catequizando nos mistérios da fé; todos que trabalham no processo catecumenal são mistagogos: bispo, ministros ordenados, religiosas, catequistas, introdutores, família, pais, padrinhos....
             A presença do mistagogo é um elemento essencial para a catequese de iniciação à vida cristã. Ele numa ação dialógica vai conduzindo o catequizando à mistagogia. A ação mediadora entre o mistério e o iniciante é que orienta o processo mistagógico.
              O catequista-mistagogo apropria-se da cultura pedagógica da iniciação, pois não entramos no MISTÉRIO através do saber, do conhecimento, o mistério resiste à representatividade, às explicações, se apaga no segredo. No entanto, a gente se deixa penetrar por ele e nele. Não se entra, portanto no mistério. È se INICIADO nele. Que
condições a iniciação poderia ser um caminho pedagógico possível e fecundo numa sociedade que não é mais iniciadora, em que banaliza-se o sagrado, e a sacramentalização ainda é imperante.

CULTURA PEDAGÓGICA DA INICIAÇÃO CRISTÃ

             A importância da comunidade no processo iniciático: a iniciação cristã é um processo de formação que conjuga a autonomia pessoal e a vivência no grupo, na comunidade. É o sentido da pertença que o iniciado conquista através da prova de iniciação que representa um desafio para a sua existência, não é um troféu, um diploma, um exame escolar.
             A prova de iniciação é a morte simbólica que coloca a pessoa em estado de luto, de perdas. O luto é a situação na qual se avalia e se experimenta o preço da vida e dessa forma gera o valor. É na conflitualidade, no confronto consigo mesmo que o indivíduo prova e descobre a sua autonomia. Enquanto ele não tiver passado pela prova, não pode saber o que o tornará livre de fato, por exemplo, a passagem da adolescência para a fase adulta,experiência de perdas, lutos e ganhos.
               A prova de iniciação nunca é individual, mas coletiva. Ao passar pelos desafios da prova, liga-se num mesmo destino indivíduos que vão aprender a viver de forma solidária e comprometida com as necessidades do outro.
               Portanto, a prova de iniciação é ao mesmo tempo, física, social e simbólica. A leitura de Romanos 6,3-4 nos leva a refletir sobre a seguinte questão: a prova física da imersão traz em si o sentido do batismo. Se a imersão é real e não simplesmente simulada, então temos um bom exemplo de prova de iniciação.
               A iniciação faz viver, provar, saborear antes de toda explicação. Ela conta e explica no momento certo, e a busca do bom e do verdadeiro momento é responsabilidade do iniciador.

SE A CATEQUESE É UM CONVITE PERMANENTE A ENTRAR NO MISTÉRIO QUE CHAMA O SER HUMANO E O LEVA A CONHECER ESSE DEUS EM SEU FILHO DADO PARA O BEM DE TODOS, SE ELA HÁ DE SER O ECO DA REVELAÇÃO PARA CADA ÉPOCA, ENTÃO ELA DEPENDE MAIS DESSA CULTURA PEDAGÓGICA DA INICIAÇÃO QUE DE OUTRAS CULTURAS PEDAGÓGICAS.

 IDENTIDADE O DISCÍPULO MISSIONÁRIO SEGUNDO Mc 3, 14-15

            Para ajudar a compreender e viver essa nova proposta para a formação de catequista há importantes referências inspiradoras no chamado ou convite de Jesus para o discipulado missionário, conforme o relato de Marcos 3,14- 15 “Subiu à montanha, foi chamando os que quis, e foram com ele. Nomeou doze para que convivessem com ele e para enviá-los a pregar com poder para expulsar demônios”. Destacam-se quatro dimensões que, bem compreendidas e assumidas, podem revolucionar o modo de formar catequista no Brasil:

1) CHAMADO, ENCONTRO, SEGUIMENTO:
                ser cristão não é simplesmente aceitar uma doutrina e ser fiel a determinadas normas, mas é seguir uma pessoa que nos atrai a si e conquista o nosso coração; JESUS DE NAZARÉ (“Discípulos Missionários hoje: catequese, caminho para o discipulado”- 3ª SBC). É responder ao chamado de Jesus e colocar-se a caminho, seguindo seus passos, movido pela força de seu Espírito. É entrar na dinâmica processual do discipulado. Importância de uma catequese querigmática, que suscita o ENCANTAMENTO e faz arder o coração.
                O seguidor deve reproduzir a estrutura fundamental da vida de Jesus: encarnação, missão, cruz e ressurreição e, ao mesmo tempo, atualizá-la, inspirado e animado pelo Espírito de Jesus e de acordo com as exigências do contexto em que vive.
                O itinerário de Iniciação à Vida Cristã vai configurando e moldando a identidade cristã, conforme o mantra: “Até que Cristo se forme em vós, em mim, em ti, em nós” – Gl 4,19

2) CONVERSÃO:
               É a resposta inicial de quem escutou o Senhor com admiração, crê nele pela ação do Espírito, decide ser seu amigo e ir após ele, mudando sua forma de pensar e viver, aceitando a cruz de Cristo, consciente de que morrer para o pecado é alcançar a vida. No batismo e no sacramento da reconciliação se atualiza para nós a redenção de Cristo.

3) DISCIPULADO:
                 “nomeou doze para que convivessem com Ele”, é a relação entre Mestre e discípulo.
                  Catequese é lugar privilegiado para levar o catequizando a colocar-se na escola do Mestre Jesus e assimilar seus ensinamentos, mais do que isso assumir uma postura de vida um MODO DE SER E VIVER. Dinâmica processual e transformador que abarca todas as dimensões da realidade humana, com o objetivo de assimilar os ensinamentos de JESUS e tornar-se semelhante a ele, dando continuidade a sua missão.

4) COMUNHÃO:
                  esse aspecto marca o desejo de partilhar com outras pessoas essa graça extraordinária da experiência de estar e viver com o Senhor e, também de experimentá-lo comunitariamente com outros discípulos missionários, na fraternidade, na alegria, na oração, no compromisso.

5) MISSÃO:
                os 12 escolhidos por Jesus poderiam se acomodar na felicidade de terem sido eleitos e de estarem   usufruindo da convivência com o mestre. A dimensão missionária é constitutiva do seguimento de Jesus.
                Cada discípulo atrai outros, para anunciar juntos a boa nova e depois fazer discípulos em todos os povos.
 
FORMAÇÃO INICIÁTICA DE CATEQUISTAS
                  É uma proposta nova carregada de esperança. Tem por objetivo ajudar a fazer acontecer um processo de conversão de quem é chamado pelo Senhor para a vocação e missão de catequista. Para isso não é suficiente uma escola de formação de catequistas, como até agora se tem realizado. Há um estilo próprio para este novo processo formativo, pois ele leva em conta as dimensões da pessoa humana, na missão de transmitir o mistério revelado e fazer a pessoa experimentar o encontro pessoal e fraterno com Jesus Cristo vivo, a inserção na comunidade eclesial e o compromisso com a missão.
               Essa formação deverá possibilitar a transmissão fundamental da fé cristã aos catequistas, e facilitar-lhe um novo jeito de conhecer Jesus, experimentá-lo, vivenciá-lo, aderir fortemente a ele e ao seu evangelho.
              O que se pretende é que o catequista seja capaz de bem assessorar a educação cristã dos fiéis e acompanha- los num processo de “formação orgânica e sistemática da fé” (CT 21), na opção de ser discípulos missionários de JC, comprometidos com a Igreja e com a evangélica transformação das pessoas e da sociedade

• CARACTERÍSTICAS DA FORMAÇÃO INICIÁTICA DE CATEQUISTAS

1. Experiência de Emáus: modelo iniciático por excelência. (Lc 24, 13-35)
              a) A primeira atitude de Jesus é de aproximação. Não fala a partir de um lugar mais alto e respeitável, mas coloca-se ao lado e inspira confiança como um companheiro amigo.
             b) Não lhe interessa seu prestígio pessoal diante dos seus interlocutores. Para ele os dois são mais importantes. Muito menos apressa sua mensagem. Dá tempo para que seus interlocutores se expressem livremente e desabafem. Para isso insiste nas perguntas e na escuta. A tristeza e preocupações dos interlocutores são o ponto de partida para a conversa.
             c) Os dois caminheiros relatam o que sabem sobre Jesus de Nazaré e o fazem de uma forma pessimista, pois sentem que Jesus não cumpriu suas expectativas de libertação terrena. Nessa etapa do diálogo Jesus considera oportuno propor sua mensagem salvadora como missionário, questionando a compreensão incompleta que têm das Escrituras.

Iluminar com as Escrituras numa pedagogia de conversão:
           O maravilhoso anúncio pascal desperta a atenção dos caminhantes em busca de libertação. Agora que conseguiu sua atenção para escutar, começa uma nova etapa, uma catequese iniciática que amplia, aprofunda e explica o anúncio evangélico ou querigma com suas conseqüências.
           Estabeleceu-se um diálogo prolongado e amigo entre Jesus e seus catequizandos, de tal modo que desperta neles não só uma relação passageira de companheiros de viagem, mas também os leva a convidá-lo para comer e passar a noite em sua casa.

Provocar uma reação de acolhida ao mistério do ENCONTRO:

                 O ENCONTRO culmina com um sinal sacramental, a fração do pão, sinal da entrega do Messias até a morte e a ressurreição, faz relembrar a experiência que fez “ARDER O CORAÇÃO”, a compreensão da grande notícia, assimilada no diálogo com seu Mestre (CATEQUISTA), tornou-se MENSAGEM CRISTÃ, celebrado no mistério eucarístico, não os deixa indiferentes, esquecem os cansaço da longa caminhada e partem de imediato para se integrar na comunidade dos outros discípulos.
            Inserir-se na comunidade e comprometer-se com a missão: a iniciação á fé evangélica realizada por Jesus converteu os afastados, depois de prolongado diálogo iniciático, ardente e comprometedor, em discípulos integrados na comunidade e missionários da Boa Notícia.

CONCLUSÃO:

                      A formação do catequista adquire um caráter iniciático quando introduz a pessoa num processo que aos poucos muda a sua vida a partir do contato com alguém que dá um significado novo à sua existência, que lhe oferece motivos para viver com esperança e ser feliz, que dá sentido ao sofrimento, que convida a partilhar com os outros, que leva a transformar seu ambiente e a transcender a si mesmo e sua realidade.
                     O candidato a catequista, vai aos poucos, se descobrindo como um ser que é aceito e amado apesar das contradições pessoais que o revelam frágil, machucado, pecador.
                    Encontra em Jesus Cristo, aquele que acolhe incondicionalmente e faz aflorar a humanidade e dignidade que Deus escondeu no coração de cada pessoa.
                   Neste encontro consigo mesmo o/a catequista vai percebendo os dons que nele Deus colocou e, a ajuda que a comunidade e outras pessoas podem lhe oferecer para trabalhar seu equilíbrio pessoal, e descobrir pistas para entender e trabalhar a realidade humana dos catequizandos.
                  Assim como Jesus cuidou primeiramente do contexto humano, cultural e religioso dos discípulos de Emaús, o mesmo deve ser feito ao longo do processo formativo de catequistas. Que o itinerário da formação de catequistas seja inspirado nos tempos e etapas da Iniciação à Vida Cristã, possibilitando que cada catequista realize a experiência de viver o processo.

BIBLIOGRAFIA:

O FUTURO DA CATEQUESE- Denis Villepelet- Paulinas

DISCÍPULOS MISSIONÁRIOS HOJE: CATEQUESE, CAMINHO PARA O DISCIPULADO – Ir. Vera Ivanise Bombonato-
Terceira Semana Brasileira de Catequese- Edições CNBB-

FORMAÇÃO DE CATEQUISTAS PARA A INICIAÇÃO À VIDA CRISTÖ Pe Jânison de Sá Santos- Terceira Semana
Brasileira de Catequese - Edições CNBB-

FORMAÇÃO INICIÁTICA DE CATEQUISTAS - coleção de subsídios elaborados pela Sociedade de Catequetas
Latino-Americana (SCALA)

INICIAÇÃO À VIDA CRISTÃ – Estudos da CNBB 97 –

DOCUMENTO DE APARECIDA –CELAM-


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