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“Pouco valor terá a catequese, mesmo substanciosa e segura, se não for transmitida com eficiência de expressão e apoio daqueles subsídios didáticos que hoje se apresentam sempre mais ricos e sugestivos”.
(João Paulo II)

sábado, 4 de dezembro de 2010

SER CRISMANDO É...

REALIDADE DA CATEQUESE CRISMAL


A CNBB, através da dimensão Bíblico-catequética e da pastoral da juventude, realizou uma pesquisa sobre a catequese da crisma, em nível nacional. O objetivo foi sentir um pouco a realidade dessa catequese e como ela mexe com a vida dos jovens

AS CONCLUSÕES FORAM AS SEGUINTES:

a.Motivos que levam os jovens a proucurar o sacramento da Crisma:
  • Seguir a tradição religiosa, social ou familiar. A influência dos pais ainda é forte, seja como incentivo, seja como imposição. É também pela falta de incentivo da família que muitos jovens desanimam e deixem de ser crismados.
  • Garantir um "documento" ou certificado, para "facilitar" o cassamento na igreja.
  • Integrar-se na cominidade e assumir um compromisso.
  • Aprofundar o conhecimento religioso e a vivência da fé
  • Proucurar uma experiência grupal.
OBS: Pelas respostas, notamos que falta conhecimento sobre o significado do sacramento da crisma.

b.Tempo de preparação:
  • Prevalece a duração de seis meses a um ano. Há, porém, esperiêcias significativas de até dois anos de preparação.
  • em alguns lugares, o curto prazo (menos de três meses) reveloa descuido e superfialidade na preparação.
c.Formas de preparação:
  • As mais comuns são encontros, cursos, palestras.
  • Verifica-se ausência de uma criatividade maior.( no blog você encontrará várias dinâmicas)
  • Nem sempre a catequese crismal está inserida no plano de pastoral da cominidade.
d.Principais motivos de desistência:
  • Desinteresse da família e dos própios jovens.
  • Catequese monótona, desinteressante, desligada da vida.
  • Outros compromissos. Como estudo, trabalho, lazer.
  • Horários inadequados.
  • Medo do compromisso.
e.Engajamento na comunidade:
  • Poucos afirmam que há engajamento na comunidade durante a preparação. Poucos, tabém, continuam engajados depois da Crisma.
Essa é uma cosequência da falta de um planejamento da comunidade, que incentive e acompanhe os jovens nesse engajamento. Os jovens, na comunidade, não encontram espaço nem estímulo.

f.Formação dos catequistas da catequese da Crisma:
  • Embora 70% dos candidatos á Crisma cheguem ao fim da preparação, muitas são as queixas, qunto a metodologia.
  • Falta preparo aos catequista de Crisma. Com raras exceções, não têm formação especializada. Normalmente são "sobrantes" da catequese infantil, participantes de algum movimento ou excrismandos.
  • Tal flta de preparação é uma das principais causas da desistência ou da pouca vibração dos crismandos.
g.Pastoral de conjunto:
  • Quase ñ se faz um planejamento em conjunto com as diversas pastorais:catequese, litúgia, juventude, vocacional...
h.Padrinhos e Madrinhas:
  • Buscam cristãos comprometidos, amigos ou companheiros que deram seu apoio durante a preparação
  • Pode-se escolher o próprio catequista.
  • Uma pessoa pode ser padrinho ou madrinha de 1 ou mais crismandos na mesma Missa (há locais que aconcelham-se a não aderir esses 2 metódos acima por motivos organização)
RESUMINDO, AS PRINCIPAIS DIFICULDADES NA CATEQUESE CRISMAL SÃO:
  • Falta de preparo dos catequistas da crisma;
  • Desinteresse dos pais;
  • Desinteresse dos jovens
  • Falta de metodologia;
  • Falta de estímulo e de planejamento da comunidade;
  • Os contravalores da sociedade.

CRISMA FORMAÇÃO


1) O que é o Sacramento da Crisma?
Nascidos para a vida da graça pelo Batismo, é pelo Sacramento da Crisma que recebemos a maturidade da vida espiritual. Ou seja, somos fortalecidos pelo Divino Espírito Santo, que nos torna capazes de defender a nossa Fé, de vencer as tentações, de procurarmos a santidade com todas as forças da alma.Pelo Batismo nós nascemos, pela Crisma nós crescemos na vida da graça.

Pelo Batismo nós nascemos, pela Crisma nós crescemos na vida da graça.

2) Matéria e Forma

A matéria do Sacramento da Crisma é o Santo Crisma, o óleo da oliveira (azeite), misturado com um bálsamo perfumado e abençoado solenemente pelo Bispo na Quinta-feira Santa. Essa matéria é usada pelo Bispo na cerimônia da Crisma, junto com a imposição da mão sobre a cabeça, quando o ministro traça o Sinal da Cruz com o Santo Crisma na fronte do crismando, dizendo as palavras da Forma.
A Forma do Sacramento da Crisma é: Eu te marco com o Sinal da Cruz e te confirmo com o Crisma da Salvação, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
Após realizar este gesto, o Bispo dá um leve tapa no rosto da pessoa, para significar que ela é soldado de Cristo, tendo o dever de suportar pacientemente, em nome de Jesus, toda sorte de sofrimentos e de injúrias, defender a Fé quando atacada e conhecer a doutrina.


3) Ministro da Crisma
O ministro do Sacramento da Crisma é o Bispo, pois é o pai de todos os fiéis, aquele que lhes confere a maturidade da vida da graça. Em caso de perigo de morte, um simples Padre deve crismar, pois é importante entrarmos no Céu com todas as capacidades de amor a Deus.
A Crisma não é absolutamente necessária para a salvação (uma pessoa não crismada pode ir para o Céu), mas é muito importante receber a Crisma desde cedo: só com a Crisma teremos no Céu a proximidade de Deus e a intensidade de amor que Ele quer nos dar. Além disso, só com a Crisma teremos todas as forças necessárias para vencer as tentações e caminharmos firmemente no caminho da perfeição. De modo que seria grave negligência dos pais se não preparassem seus filhos para receber este Sacramento da perfeição cristã.

4) Instituição da Crisma

Como sabemos que Jesus Cristo instituiu este Sacramento, se não aparece este fato no Evangelho?
Sabemos que verdadeiramente Jesus Cristo instituiu o Sacramento da Crisma porque os Apóstolos administraram este Sacramento, como aparece nos Atos dos Apóstolos (Atos, 8, 14) e porque a Igreja sempre ensinou esta verdade. Vejam o que já ensinava S. Cripriano, Bispo martirizado no ano 258: “Os batizados serão conduzidos aos Bispos, a fim de, por sua oração e imposição das mãos, receberem o Espírito Santo, e pelo selo do Senhor, serem perfeitos.”

5) Quais são as graças que recebemos pelo Sacramento da Crisma?

Aumento da graça santificante.
Recebemos de modo novo e especial o Divino Espírito Santo, com seus sete dons sagrados.
Imprime o caráter de Soldados de Cristo.
A crisma, como o Batismo e a Ordem, imprime caráter, ou seja, marca de modo indelével nossa alma, de modo que nunca mais perdemos a marca de crismados. Por essa razão não podemos receber a Crisma mais de uma vez, como também o Batismo e a Ordem.

6) Quais são os sete dons do Espírito Santo que recebemos de modo especial na Crisma?
São eles:
1 – Temor de Deus
2 – Piedade
3 – Fortaleza
4 – Conselho
5 – Ciência
6 – Inteligência
7 – Sabedoria
7) Por que existem padrinhos para a Crisma?
Porque, como no caso do Batismo, é bom termos pais espirituais que nos apresentem à Igreja nesta ocasião tão importante, nos aconselhem nas lutas da vida, e rezem por nós. Por isso os padrinhos da Crisma devem ser bons católicos, terem sido crismados, tendo já idade suficiente para aconselhar seus afilhados.

Para terminar, devemos considerar que a Crisma é o Sacramento que aumenta o Amor de Deus em nosso corações. Aos sairmos da cerimônia da Crisma, como soldados de Cristo, temos nossos corações dilatados, abertos para muitas novas graças, capazes de amar a Deus com muito mais forças. É a ação do Divino Espírito Santo que realiza isso em nós.
Devemos estar atentos em deixá-Lo agir em nós, pois Ele vai nos guiar pelos difíceis caminhos da vida, vai nos encher o coração com muitas alegrias espirituais, com o gosto pela oração, com as forças para vencer as tentações. Só assim poderemos estar cada dia mais próximos do Coração de Nosso Senhor, para servi-Lo e amá-Lo para sempre

caquisandos

1) Sabedoria: é o dom de perceber o certo e o errado, o que favorece e o que prejudica o projeto de Deus, quem acredita na libertação e quem está interessado na opressão. A sabedoria é dada especialmente aos pobres (Mt 11, 25) e àqueles que são solidários a eles. Não tem nada a ver com cultura. Por este Dom buscamos, não as vantagens deste mundo, mas o Bem Supremo da Vida, que nos enche o coração de paz e nos faz felizes. Diz o Senhor: "Feliz o homem que encontrou a sabedoria... Ela é mais valiosa do que ás pérolas" (Cf. Pv 3,13-15). A Sabedoria que vem do Espírito Santo "é um reflexo da luz eterna" (Cf Sb 7,26).

2) Inteligência: é o dom de entender os sinais da presença de Deus nas situações humanas, nos conflitos sociais, nas lutas políticas.. É o Dom Divino que nos ilumina para aceitar as verdades reveladas por Deus. Mesmo não compreendendo o Mistério, entendemos que ali está a nossa salvação, porque procede de Deus, que é infalível. O Senhor disse: "Eu lhes darei um coração capaz de me conhecerem e de entenderem que Eu sou o Senhor" (Jr 24,7).

3) Conselho: é o dom de saber discernir caminhos e opções, de saber orientar e escutar, de animar a fé e a esperança da comunidade. Só assim orientamos bem a nossa vida e a de quem pede um conselho.

4) Fortaleza: é o dom de resistir às seduções da sociedade capitalista, de ser coerente com o Evangelho, de enfrentar riscos na luta por justiça, de não temer o martírio. É esse o Dom que faltou para o Apóstolo São Pedro quando negou o Mestre, e que lhe foi dado depois pelo Espírito Santo no dia de Pentecostes. São Paulo confiava no Dom da Fortaleza. Ele disse: "Se Deus está conosco, quem será contra nós?" (Rm 8,31).

5) Ciência: é o dom de saber interpretar a Palavra de Deus, de explicar o Evangelho e a doutrina da Igreja, de fazer avançar a teologia, de traduzir em palavras o que se vive na prática. Por este Dom o Espírito Santo nos revela interiormente o pensamento de Deus sobre nós, pois "os mistérios de Deus ninguém os conhece, a não ser o Espírito Santo" ( Cor 2,10-15).

6) Piedade: é o dom de estar sempre aberto à vontade de Deus, procurando agir como Jesus agiria e identificando no próximo o rosto do Cristo. É o Dom pelo qual o Espírito Santo nos dá o gosto de amar e servir a Deus com alegria. Por ser o "amor do Pai e do Filho", o Espírito Santo nos dá o sabor das coisas de Deus. "O Reino de Deus não consiste em comida e bebida, mas é justiça, paz e alegria no Espírito Santo" (Rm 14,17).

7) Temor: é o dom da prudência e da humildade, de saber reconhecer os próprios limites, de não pedir ou esperar de Deus que ele faça a nossa vontade. Não quer dizer "medo de Deus", mas medo de ofender a Deus. Sendo Ele o nosso melhor amigo, temos o receio de não lhe estarmos retribuindo o amor que lhe é devido. Mais do que temor, é respeito e estima por Deus.

CRISMA

MISSÃO DOS CRISMADOS

A missão não pode ser como uma lâmpada que ora se acende ora se apaga. Ela é um processo que a catequese precisa ir motivando desde os primeiros passos de cada cristão. Não existe missão para si próprio. Missão é algo que impulsiona a sair de si para o bem da comunidade.
Não importa se os interlocutores da Crisma são jovens ou adultos.
Importa, sim, que todos possam assumir uma fé como processo de crescimento e que esta se expresse num comprometimento com o vasto mundo e com a comunidade eclesial.
Alguns caminhos para serem assumidos pelos crismandos:
• Exercer serviços na liturgia, catequese, CEBs, pastoral da juventude, missionária, vocacional...
• Presença e testemunho nos ambientes onde se encontram, com vistas à mudanças para um mundo mais justo e fraterno: Nas escolas e universidades, no trabalho, na política, nas movimentos ecológicos, nas associações de bairro, no meio rural, no lazer, nas comissões de justiça e paz, nas reinvindicações ecológicas, de gênero, de categorias, nas lutas por melhorias de saúde, educação, saneamento, água...
• Diz a Evangelli Nuntiandi: “O campo próprio de cada cristão/ã é o vasto e complicado mundo da política, da realidade social e da economia, como também o da cultura, das ciências e das artes, da vida internacional, dos meios de comunicação e outras realidades como: a família, a educação das crianças e dos adolescentes, o trabalho profissional e os sofrimentos” (cf. EN 70).
O documento CATEQUESE RENOVADA (n.º 26) aponta os principais compromissos de um cristão/ã. Vejamos:
• Compromisso na construção da história. Tendo fé no Deus da vida, acreditando numa efetiva organização para possibilitar maior dignidade a todos, suscitará esperança em construir um mundo diferente (CR 252-255).
• Compromisso com a família. A família é o berço de todos os valores. Ela permite a primeira experiência de comunhão na fé, no amor e no serviço ao próximo (CR 260-263).
• Compromisso com o trabalho. Construir a sociedade, sabendo que o trabalho é para o homem e não o homem para o trabalho (CR 264-265).
• Compromisso com a política. O cristão crismado não é um omisso diante dos problemas sociais e econômicos, mas é um concreto participante para se viver uma verdadeira democracia (CR 266-270).
• Compromisso frente à pobreza. O necessitado, excluído e oprimido merecem atenção especial. Descobrir formas para maior solidariedade (CR 271-273).
• Compromisso com o crescimento da justiça, da dignidade humana, do desenvolvimento integral e da paz, contra todas as formas que provocam a injustiça, a fome, a miséria, a escravidão das drogas, a ausência de paz... (CR 274-276).
• Compromisso frente ao pluralismo. Diante desta realidade, o maior compromisso é o diálogo. Somos chamados a termos atitudes de tolerância e responsabilidade.
• O cristão(ã), pelo sacramento da crisma é fortalecido(a) pelo dom do Espírito Santo para assumir com coerência sua fé e, portanto, a vida cristã.
O(A) Sacramento da Crisma é o que nos coloca num processo de maior maturidade e permite um testemunho feito de atitudes comprometedoras na vida, dentro da família e da comunidade.
O(A) cristão(ã) crismado(a) se torna responsável por uma Igreja viva e renovada e por um mundo mais justo e mais fraterno.
O Pote e a Missão



POTE – Pote é uma vasilha de barro utilizada para se por água. Para receber a água ele deve estar vazio. O estar vazio faz parte de sua identidade. Quando ele está novo e ainda não foi curtido, a água que se põe nele tem gosto de barro. Na medida em que ele fica curtido, a água depositada nele conserva o gosto de água. Ele deixa a água ser água. O pote quando está cheio de água fica sempre umedecido. A umidade da água passa pelas paredes do pote. Lança-se para fora.

SIMBOLOGIA DO POTE – O serviço da Missão tem muito a ver com o Pote. Para bem iniciarmos e desenvolvermos um trabalho missionário devemos ser “potes” com sua verdadeira identidade. Isto quer dizer potes vazios. Pote vazio não deixa de ser pote, apenas está preparado para receber a água. Quando nos comparamos com potes vazios, não quer dizer que ignoramos nossas potencialidades. Significa que a primeira atitude da Missão é esvaziarmos de nós mesmos, de nossos projetos pessoais para nos enchermos de Deus. Quando no início do trabalho missionário somos “potes vazios”, o mistério de Deus penetra em nós, nos toca, nos curte. Vamos percebendo as dimensões deste mistério. A partir daí o trabalho missionário que realizamos é transpiração, testemunho da água viva do projeto de Deus e não tanto uma projeção nossa. Quando na missão somos “ potes cheios” de nós mesmos passamos a ser “atração”, “show”. Isto nos leva ao estress. E aí, onde fica Deus e o testemunho do anonimato?

A simbologia do pote nos lembra um ponto básico no trabalho missionário: o despojamento, a Kénosis.

KÉNOSIS DE JESUS. Jesus, o missionário do Pai, inaugura sua presença missionária entre nós pela via kenótica. “Esvaziou-se a si mesmo, assumindo a condição de servo e tornando-se semelhante aos homens. Assim, apresentado-se como simples homem, humilhou-se a si mesmo, tornando-se obediente, até a morte e morte de cruz” (Fl 2,7-8). Jesus se despoja num serviço total. Ele deixa claro que a Kénosis leva à Ressurreição. O Jesus que ressuscitou é o mesmo que morreu. Jesus vitorioso é o mesmo que experimentou o fracasso. Jesus ressuscitado testemunha que vida entregue gera vida. “Se o grão de trigo não cair na terra não produzirá frutos”.

A prática kenótica de Jesus fica bem clara no sermão das Bem-aventuranças. Elas são o caminho da missão. Seguir Jesus na sua prática das Bem-aventuranças requer uma mudança interior. É a conversão ao Evangelho que nos leva à verdadeira ação missionária. Esta conversão exige de nós a pequenez de um coração pobre, humano e humilde. Isto fica ainda mais claro quando observamos que bem no meio das Bem-aventuranças está a bem-aventurança da compaixão-misericórdia, como o grande carisma missionário de Jesus.

VIA KENÓTICA DE PAULO. O despojamento de Paulo vai acontecendo através do caminho de Damasco, no contato com a comunidade, no deserto e diante das crises experimentadas no seu jeito de fazer missão. Tudo isto leva Paulo a uma grande interiorização do Evangelho da Cruz. A sua via kenótica desenvolve-se dentro de um processo progressivo: 1. A Kénosis de ser para Jesus. Paulo vive, sofre e passa pelo processo do êxodo-pascal para ressuscitar como um homem totalmente tomado por Jesus (Cf Gl 2,19-20).

2. A Kénosis de missionar do jeito de Jesus. Em Atenas, Paulo entra em crise porque encheu seu pote de seus esquemas (At 17, 16-324). A crise de Atenas leva Paulo a um despojamento de si mesmo. A partir de então refaz seu projeto missionário (Rm l5, 1-23), onde domina muito o despojamento, a acolhida e a solidariedade. Passa a testemunhar o Evangelho da Cruz: Tem uma maior consciência da fraqueza do missionário (a) e dos meios usados por eles. Passa a entender que é na hora que sentia fraco é que era forte (2 Cor l2, 1-10).

3. A Kénosis de viver e permanecer com Jesus até o fim ( Rm 8, 35-39). A partir daí ele nos aconselha a ter os mesmos sentimos que havia em Jesus Cristo” (Fl 2, 5).

TRINDADE: MAIOR GESTO MISSIONÁRIO. Através da Kénosis de Jesus e de seu discípulo Paulo vamos entendendo que a missão não é propriedade nossa. É a expressão do dinamismo missionário da Trindade ( Cf AG 2). Ela é o ato missionário completo: Cria – Redime – Santifica.

A missão tendo origem na Trindade se torna para nós uma questão de fé. Ela se torna a medida de nossa fé (Cf RM 11). Ela renova a Igreja, revigorando sua fé e sua identidade. (Cf RM 28). A missão tem no Espírito de Deus seu primeiro agente, seu guia e seu impulsionador ( Cf RM 21. 24. 37). Sem a ação do Espírito Santo não há Evangelização. Ele é a alma da Igreja. As técnicas da Evangelização são boas, mas não substituem a ação discreta do Espírito Santo. (EN 75).

ESPIRITUALIDADE DO MISSIONÁRIO. Na medida em que o missionário vai se deixando tocar pela simbologia do pote ele vai esvaziando-se de si mesmo e deixando Deus ser Deus dentro dele. Adquire o verdadeiro temor de Deus, reconhecendo que Deus é o Absoluto e nós somos criaturas. Ele nos abre ao imprevisível de Deus e relativiza nossa auto-suficiência.

A espiritualidade requer que o missionário(a) seja uma pessoa de silêncio. O silêncio é mais do que não-falar. É uma atitude de escuta da Palavra de Deus. Deste modo o silêncio se torna a morada desta Palavra . Dá fecundidade à esta Palavra. O silêncio faz arder nosso coração com o fogo interior do Espírito. O silêncio é uma atitude interior em que nos abrimos para a realidade de Deus que nos envolve.

Juntamente com o silêncio a espiritualidade missionária se alimenta na contemplação. A contemplação é a descida humilde da mente para o coração. Refletimos e rezamos a sabedoria da Palavra de Deus que se apresenta na Bíblia e na realidade da vida. Quando esta Palavra de vida desce para o coração ela se torna inspiração contemplativa e missionária. A contemplação é uma atitude de abandono aos apelos do Amor de Deus. Por isso mesmo ela nos desinstala e nos leva por caminhos desconhecidos, facilitando um novo olhar para a realidade. Deste modo é a contemplação que nos impulsiona para a missão “ad gentes” e não a curiosidade do diferente ou de ser diferente.

Através da contemplação começamos a enxergar e ver o cotidiano com um coração novo e espírito novo (Cf Ez 36, 26-27). A contemplação reforça em nós o sentido de pertença e permanência na vocação missionária. Aumenta o zelo e o espírito de unidade do missionário (a). Reanima o fervor do missionário (a), dando-lhe força para semear mesmo entre lágrimas. A contemplação nos leva, a exemplo de Carlos de Foucauld, a “Gritar o Evangelho com a Vida”. A falta de fervor se manifesta no cansaço, na desilusão, no desinteresse e sobretudo na falta de alegria e esperança (Cf EN 76.79.80). A contemplação ajuda o missionário (a) a ser constante na execução do trabalho missionário, aberto ao diálogo e ser pessoa comunitária.

Neste instante em que a vida religiosa é chamada a reavivar seu profetismo missionário, a simbologia do pote nos lembra que a missão é antes de tudo um estado de ser possuído por Deus que nos leva a fazer ações missionárias. A Kénosis é uma atitude básica para o discipulado missionário. Sem ela não seremos os (as) missionários (as) do silêncio contemplativo. Nosso zelo, nosso fervor, nossa unidade terão fôlego curto.
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