1.Como ser Catequista de Iniciação Cristã?
1.1.   Se o catequista não passar por um processo de iniciação cristã, sua catequese não mudará nada. Ele mesmo deve ser um iniciado à fé. Por isso ele deve ser pessoa convertida, evangelizada, entusiasmada. Pessoa de oração diária, que fez a experiência do amor de Deus e dá catequese como um ato de amor. O catequista reflete em seu rosto a alegria, o entusiasmo, o encantamento por Jesus Cristo, seu reino e sua Igreja. Transmite uma experiência de vida, não uma teoria, nem uma doutrina racional e vazia.


1.2.   O Catequista deve dar catequese com alegria. Os catequizandos são tocados pela alegria do catequista. Esta alegria toca, convence, inflama, atrai as pessoas ao seguimento de Jesus. Quanto mais alegria, tanto mais a catequese será agradável e convincente. A alegria é sinal da fé, manifesta a experiência feita do amor de Deus e o desejo de comunicá-la. O bom catequista tem fé, competência e metodologia, mas transmite tudo isso através da alegria.

1.3.   O catequista que tem Iniciação Cristã fez a experiência do amor de Deus e quer mostrar, ensinar, divulgar a experiência do amor de Deus. Este amor vivido desperta o coração dos ouvintes. Quanto mais o catequista ama sua sala, seus catequizandos, tanto mais vai cativá-los no amor de Deus. Assim, os catequizandos sentirão a alegria de descobrir que são amados por Deus.

1.4.   A catequese de Iniciação Cristã começa mostrando quanto amor Deus tem por nós, dando-nos Jesus na manjedoura, na cruz e no sacrário. A morte e ressurreição de Jesus são grandes provas do seu amor. O centro da catequese é mistério pascal, a morte e ressurreição de Jesus, por amor de nós. Assim toda a Escritura Sagrada é uma carta de amor. Os sacramentos são gestos, abraços e beijos do amor de Deus. Até o sofrimento, enquanto chance de conversão e crescimento, é também amor de Deus, advertência e providencia de Deus para o nosso bem. A Igreja é mãe amorosa que nos acolhe, batiza, crisma, perdoa, alimenta e reza por nós. A catequese é um ato de amor de Deus e da Igreja para nossa felicidade e salvação.

1.5.   Uma catequese dada com amor e por amor e dada com alegria, suscita no coração do ouvinte a esperança de ser melhor, o desejo de mudar, a aspiração de se converter e se salvar e de ajudar os outros a descobrir este amor.

1.6.   O catequista da Iniciação Cristã faz diariamente a meditação da Palavra de Deus, tem seu ritmo de silêncio, de escuta, de oração pessoal, precisa permanecer na “escola da Palavra” para interiorizar a mensagem e comunicá-la com ardor. É um contemplativo que transmite o que armazena em seu coração. A boca fala do que vem do coração. Na iniciação Cristã acontece a catequese apostólica: “Chamou-os, para estar com Ele e enviou-os a evangelizar” (Mc 3, 14-15).

1.7.   O Catequista de Iniciação Cristã tem quatro pilares nos quais se afirma: 1) Oração diária, vida de oração que brota da fé. Deve ser mestre de oração. 2) Competência: é uma pessoa que estuda, faz cursos, tem o habito de leitura, procura cultivar-se. 3) É humano, isto é, tem cuidado, carinho, amor, ternura e responsabilidade pelos catequizandos. Tem um amor exigente que leva a sério sua missão. 4) Tem pedagogia e metodologia de ensino.



(* Dom Orlando Brades - arcebispo de Londrina/Pr)

FAMILIA E INICIAÇÃO CRISTÃ

familia
Família e catequese são realidades gêmeas. Uma precisa da outra, uma completa a outra. Por ocasião do Ano Catequético e sob a luz da Conferência de Aparecida, a Igreja no Brasil, optou pela Iniciação Cristã, como caminho para uma transformação profunda na formação dos discípulos missionários. É um projeto eclesial e catequético radical e promissor.
Iniciação Cristã é a experiência de vida dos cristãos dos primeiros séculos da Igreja, cujo itinerário ou plano de catequese se chamava: catecumenato. A Iniciação Cristã tem 6 pontos-chaves:
1. Encontro e encantamento por Jesus Cristo e o seu reino.
2. Conversão permanente como constante cristificação da vida.
3. Amor à Igreja e engajamento na comunidade eclesial.
4. Aprofundamento da fé, dando primazia à Palavra de Deus.
5. Celebração da fé, vida litúrgica e sacramental incluída a vivência do Ano Litúrgico dando ênfase ao dia do Senhor – o domingo.
6. Ardor missionário por uma Igreja em estado permanente de missão.
Como vemos, a Iniciação Cristã é um caminho iluminador, exigente, transformante e radical. É uma verdadeira “revolução eclesial”, poisa Igreja precisa de uma “forte comoção” (DA nº 362). Tanto a Igreja como a família são convocados a se tornarem “realidades iniciadas”, sem deixar fora nenhum dos seis pontos chaves da Iniciação Cristã.
Para que a família colabore com a catequese, é necessário que a pastoral familiar, os movimentos, os namo rados enoivos, recebam a Iniciação Cristã. Com pais e esposos iniciados, teremos famílias iniciadas, verdadeiras “igrejas domésticas”, lugar primeiro e privilegiado da catequese. Um catequizando “iniciado” pode, por sua vez, motivar sua família a entrar na dinâmica da Iniciação Cristã. Por outro lado, a família “iniciada” é condição para uma catequese de iniciação duradoura e eficaz.
Seria grave equívoco pensar que Iniciação Cristã é coisa só para catequistas atequizandos. Pelo contrário,
todo o povo de Deus é convocado a assumir a Iniciação Cristã como projeto de vida cristã. Este é o segredo para sairmos da acomodação, da burocracia, da apatia, da superficialidade.
A Iniciação Cristã é o caminho para a Igreja discípula-missionária, Igreja da atração, Igreja samaritana. Um
encantamento, reavivamento, revigoramento da Igreja, pode ser esperado da experiência da Iniciação Cristã, que gerou discípulos, profetas, místicos, missionários e mártires nos primeiros séculos.
A família e a catequese são meios concretos para que se implante a Iniciação Cristã em toda Igreja. São duas asas que farão a Igreja alçar vôo rumo à sua vocação a ser discípula, missionária, santa e comprometida com a vida do mundo.
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Iniciação Cristã, um processo integral e progressivo

O catecumenato tem que ser um processo de iniciação integral, cujo ponto de partida é o encontro pessoal com Jesus Cristo e cujo ponto de chegada é a inserção, como discípulo e missionário na comunidade cristã, enriquecida por uma variedade de carismas que só a nossa igreja tem, toda ela a serviço da missão. A catequese tem que acontecer em união com as pastorais que após o primeiro anúncio, oferece uma formação integral (encontro com Jesus Cristo, conversão, discipulado, comunhão, missão) conforme “caminho” descrito em Mc 3,13-15. A partir da interação catequese↔liturgia↔conversão da vida, mediante a acolhida e o encontro com os irmãos e irmãs de fé, de acordo com o seu carisma, o cristão fará o seu encontro com o Cristo vivo. A meditação da Palavra ao longo do ano litúrgico, busca responder, pela graça, aos apelos à permanente conversão.  O querigma, o processo iniciático integral e uma catequese permanente visam promover uma experiência pessoal profunda de fé, uma proposta cristã como experiência de amor, o encontro da criatura com o criador Deus Pai, pelo Filho seu único senhor, no Espírito Santo mistério insondável de vida e comunhão.
Para testemunhar o amor de Deus em nossas vidas precisamos passar pela experiência da vivência e intimidade com Jesus na Eucaristia como princípio básico de toda ação humana. Testemunhar com a sua vida. Paulo foi o maior evangelizador de todos os tempos porque depois da experiência de Damasco passou a viver em função do Evangelho, muitas vezes contra a vontade dos outros Apóstolos(cf. Gl 1,15-16; At 9,3-19). O Querígma implica em comunicar a experiência de fé daquele que anuncia, e colocar-se como pessoa de fé autêntica  numa sociedade que duvida, questiona, põe à prova as convicções do missionário. Precisamos apresentar um estilo de vida, uma postura, um modo de ser no mundo, em que se demonstra a fé na qual se crê, se celebra e se estabelecem relações com o próximo. Para isso precisamos estar em contínua formação.