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“Pouco valor terá a catequese, mesmo substanciosa e segura, se não for transmitida com eficiência de expressão e apoio daqueles subsídios didáticos que hoje se apresentam sempre mais ricos e sugestivos”.
(João Paulo II)

terça-feira, 19 de julho de 2011

FORMAÇÃO DE CATEQUISTAS

DOCUMENTO DA IGREJA SOBRE A CATEQUESE

Documentos da Igreja sobre a Catequese


Desde os primórdios, a Igreja sempre se preocupou com a difusão da mensagem de Jesus Cristo, tendo o cuidado de preservar sua verdade e de orientar os discípulos para que pudessem exercer seu ministério seguindo os passos do Mestre.
Assim, começando pelos Pais da Igreja, nos primeiros séculos, a comunidade cristã produziu documentos e catecismos para a evangelização.
O primeiro documento de que se tem notícia foi a DIDAQUÊ, o catecismo dos primeiros cristãos, escrito no século I da nossa era. Esse documento continha a doutrina que orientava os passos das primeiras comunidades.
Muitos outros catecismos e orientações pastorais foram dando impulso à missão catequizadora da Igreja, especialmente nos últimos séculos, e de forma mais intensiva após o Concílio Vaticano II.
Quem se dedica ao Ministério da Catequese, deve conhecer e estudar os principais Documentos da Igreja destinados à praxe catequética, indispensáveis para a fidelidade à mensagem de Cristo e à doutrina da Igreja.
Dessa forma, para auxiliar catequistas, apresentamos a seguir uma lista com os principais Documentos publicados a partir do Concílio Vaticano II.
CONCILIO VATICANO II (1962-1965)
O concílio foi convocado e aberto pelo Papa João XXIII e concluído pelo Papa Paulo VI. Os documentos do Concílio estão na base de toda a renovação da catequese. Neles, a Igreja aborda a catequese como missão primordial, tendo por base o espírito de Cristo e do Evangelho. A catequese é declarada pelo Concílio como o primeiro entre os meios pedagógicos da Igreja; e deve ser uma catequese bíblica, litúrgica e ecumênica, aberta aos problemas missionários. O Concílio propôs também a criação de centros catequéticos e a elaboração de um diretório catequético.
DIRETÓRIO CATEQUÉTICO GERAL - Congregação para o clero - 1971
Em obediência ao mandato conciliar que prescreveu a redação de um "Diretório para a instrução catequética do povo", no dia 11 de abril de 1971, o Papa Paulo VI aprova e promulga o "Diretório Catequético geral". Este diretório ajudou muito a Igreja no caminho de renovação da catequese, quanto aos conteúdos, à pedagogia e aos métodos empregados.
RICA - Ritual para a Iniciação Cristã de Adultos - 1972
Um dos primeiros frutos do Concílio foi o RICA, "Ritual para a Iniciação Cristã de Adulto", promulgado no dia 6 de janeiro de 1972, pela Congregação para o Culto Divino. Esse documento trouxe uma grande contribuição para a renovação catequética, atendendo ao decreto do Concílio que determinava a restauração do período de catecumenato para os adultos, como forma de resgatar uma formação cristã mais consciente e comprometida, celebrada a cada etapa pelos ritos sagrados, até chegar ao Batismo.
EVANGELII NUNTIANDI - A evangelização no mundo de hoje - 1975
Fruto das proposições da Assembléia Geral do Sínodo dos Bispos, celebrado em outubro de 1974, a exortação apostólica promulgada pelo Papa Paulo VI, "Evangelii Nuntiani", traz um importante princípio: "a catequese como ação evangelizadora no âmbito da grande missão da Igreja. A atividade catequética deverá ser considerada permanentemente participe das urgências e das ânsias próprias do mandato missionário para o nosso tempo" (Diretório Geral para a Catequese - 4).
SÍNODO DOS BISPOS - 1977
Com o tema "A catequese no nosso tempo,especialmente para as crianças e os jovens", o Sínodo convocado pelo Papa Paulo VI em 1977, vai refletir sobre a renovação da catequese para as crianças e jovens. O Sínodo afirma que o núcleo central de toda a catequese é o mistério de Cristo, fundamento da nossa fé e fonte da nossa vida. A catequese é proposta como "Palavra", "Memória" e "Testemunho". E deve ser obra corresponsável de toda a comunidade cristã.

CATECHESI TRADENDAE - A catequese hoje - exortação apostólica do Papa João Paulo II - 1979
João Paulo II retoma o tema "Catequese" do Sínodo de 1977 na exortação apostólica "Catechesi Tradendae". Ele diz: "Desejo que esta exortação apostólica corrobore a solidez da fé e da vida cristã, dê novo vigor às iniciativas que estão sendo postas em prática, estimule a criatividade e contribua para difundir nas comunidades a alegria de levar ao mundo o mistério de Cristo" (CT 4).
CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA - 1992
Em 1992, o Papa João Paulo II promulga o novo Catecismo da Igreja. No prólogo do Catecismo se diz: "O presente catecismo tem por objetivo apresentar uma exposição orgânica e sintética dos conteúdos essenciais da doutrina católica tanto sobre a fé como sobre a moral à luz do Concílio Vaticano II e do conjunto da Tradição da Igreja. Suas fontes principais são a Sagrada Escritura, os Santos Padres, a Liturgia e o magistério da Igreja. O presente catecismo é destinado principalmente aos responsáveis pela catequese..." (CIC 11-12)
DIRETÓRIO GERAL PARA A CATEQUESE - Congregação para o clero - 1997
Este novo diretório acolheu as indicações propostas pela "Evangelii Nuntiandi" e a "Catechesi Tradendae" e também pelo Catecismo da Igreja Católica. Ele se divide em uma exposição introdutória que fala sobre o anúncio do Evangelho no mundo contemporâneo, outras 5 partes centrais, e a conclusão.
A parte central se divide da seguinte forma:
1. A catequese na missão evangelizadora da Igreja;
2. A mensagem evangélica;
3. A pedagogia da fé;
4. Os destinatários da catequese;
5. A catequese na Igreja particular.
Este novo diretório oferece reflexões e princípios teológico-pastorais fundamentais, inspirados no Concílio Vaticano II e no Magistério da Igreja, para levar à correta compreensão da natureza e dos fins da catequese, bem como das verdades e dos valores que devem ser transmitidos. (cf. DGC - 9)

A catequese no Documento de Aparecida
A Catequese é ministério da nossa Igreja, e como tal deve seguir as orientações e normas que a Igreja propõe. Assim sendo, os catequistas que se colocam a serviço desse ministério devem conhecer bem qual o caminho que a Igreja traça para a caminhada da Catequese e aplicar-se com dedicação para trilhar esse caminho.
A melhor forma de conhecer o que a Igreja propõe é através dos Documentos que ela publica, destinados a traçar as diretrizes da ação catequética.
Por esse motivo, apresento a vocês uma síntese dos textos do Documento de Aparecida, com as conclusões da V Conferência do Episcopado Latino Americano e do Caribe, que fazem referência à Catequese. Esses textos são importantes e devem ser conhecidos e refletidos, buscando-se a melhor forma de aplicar as recomendações do V CELAM na Catequese paroquial.
(Os números citados no final dos parágrafos se referem ao número do parágrafo do Documento)
O Documento de Aparecida fala dos resultados fecundos que a renovação da catequese produziu não apenas na América Latina, mas que ressoou na América do Norte, Europa e Ásia graças aos missionários latino-americanos e caribenhos (DA99a)
No entanto, também fala de aspectos que devem ser cuidados, como é o caso das "linguagens pouco significativas" para a cultura atual e especialmente para os jovens, que dificulta a transmissão da fé e faz com que a Igreja tenha uma presença incipiente principalmente no meio universitário e na mídia(DA100d).
Entre outras coisas, Aparecida fala da necessidade de estudo do Diretório Ecumênico e das suas indicações em relação à catequese (DA 231).
Outra questão importante é a do discipulado, que exige o aprofundamento da fé em Jesus, apontando a catequese permanente, juntamente com a vida sacramental, como meio de fundamental importância no fortalecimento da conversão e no incentivo à perseverança da vida cristã (278c).
A catequese permanente deve ser a responsável pela definição da identidade cristã forte e inabalável que dê aos católicos a consciência de sua missão no mundo (286).
Mas essa catequese deve ter o caráter de experiência que leve ao " encontro com Cristo e à feliz celebração dos sacramentos capacitando o cristão para transformar o mundo". Essa catequese é chamada de "mistagógica" (290).
Tendo em vista a necessidade de assumir o anúncio do Evangelho para aqueles que desejam tornar-se membros da Igreja, a Catequese não deve apenas renovar-se no modo de ser, mas deve tornar-se o processo de formação adotado em todo o continente como catequese básica e fundamental para a iniciação cristã. Essa formação inicial terá continuidade, depois, na catequese permanente, no processo de amadurecimento da fé que é imprescindível (294-295).
A catequese é a responsável pelo fortalecimento da identidade católica pessoal e fundamentada que promove a adesão a Cristo. E essa tarefa é de todos os cristãos católicos (297)
Assim, a catequese não deve se restringir à preparação dos sacramentos, mas deve ser um processo permanente, orgânico e progressivo que se estenda por toda a vida. E nesse processo permanente a catequese com adultos é fundamental (298).
Nesse contexto, a catequese também não pode ser apenas doutrinal, mas deve educar a pessoa por inteiro, cultivando o relacionamento com Jesus na oração, na celebração litúrgica, na vivência comunitária e no serviço aos irmãos (299).
A Catequese deve ser missionária, indo até as famílias e aproveitando pedagogicamente a religiosidade popular, em especial a religiosidade mariana, como ponto de partida para o processo de iniciação cristã. Dessa forma, se pode apresentar o conteúdo da fé ao mesmo tempo em que se conduz à oração familiar e à leitura orante da Palavra e conseqüentemente ao desenvolvimento das virtudes evangélicas (300).
O Documento de Aparecida ressalta a importância da catequese familiar, como proveitosa e eficiente na formação conjunta de pais e filhos, propiciando para que todos se tornem testemunhas de fé na comunidade (303).
As reflexões de Aparecida apontam ainda que a Catequese deva perpassar o caminho de formação em outras instâncias: nas escolas católicas (338), na sociedade (385), na pastoral da juventude (446), na pastoral familiar e nos movimentos a ela ligados (463ª) e nos meios de comunicação social (485).
A Catequese deve expressar-se por muitos meios, inclusive através da arte (499). E não pode prescindir de seu papel de formação social, pois " a vida cristã não se expressa somente nas virtudes pessoais, mas também nas virtudes sociais e políticas" (505).

2 comentários:

Anônimo disse...

Olá Vilma.
Parabéns pela síntese-roteiro para formação de catequistas.
Teu esforço em relacionar o conteúdo aos parágrafos são de grande relevância na elaboração de roteiros formativos.
Em Manaus-AM, utilizarei tuas referências no estudo macro do Documento de Aparecida com os catequistas que ocorrerá nos meses de janeiro a abril de 2015.
Deus te abençoe e que continues a evangelizar os evangelizadores.
ignaciusgb@hotmail.com

Catequista disse...

Olá Paz e Bem, pesquisando na internet sobre catequese me deparei com seu trabalho, muito bom. Parabém, fico muito feliz de saber que outras pessoas também estão preocupadas com a Catequese e seu sentido evangelizador e na prática de anunciar Jesus Cristo.
Blog Catequese do Leigo.
Abraços.