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“Pouco valor terá a catequese, mesmo substanciosa e segura, se não for transmitida com eficiência de expressão e apoio daqueles subsídios didáticos que hoje se apresentam sempre mais ricos e sugestivos”.
(João Paulo II)

sábado, 2 de julho de 2011

formação


Catequese Inicial
Antes de ministrarmos qualquer tipo de ensino, é necessário conhecermos as pessoas a quem nos dirigimos.

                        Para que a criança possa amadurecer na fé precisamos levar o conteúdo da mensagem cristã adaptado ao seu desenvolvimento cognitivo, psicológico, sócio-cultural e religioso. Por isso, vamos caracterizar a situação existencial da criança para depois indicar algumas alternativas da ação catequética.

1. O Valor da Infância

“A infância é considerada como um período da vida que tem valor em si mesmo. A criança não é um adulto em miniatura, mas sim, um indivíduo que deve ser amado e respeitado de acordo com suas necessidades e direitos específicos.” (1)

2. Ciências que colaboraram para a atual compreensão da infância

A – Psicologia

Lançou uma nova luz sobre a motivação, o desenvolvimento moral e religioso, o dinamismo da aprendizagem através de processos e etapas.

B – Sociologia

Ajudou a descobrir a influência do ambiente, o valor do grupo, a pressão social.

Todos sabemos que o ser humano do nascimento até a morte está em constante desenvolvimento e que este desenvolvimento se dá em etapas ou fases.

Podemos situar a primeira fase como Primeira Infância que vai mais ou menos de 0 a 6 anos. Há alguns psicólogos que a subdividem em duas etapas: 0 - 3 anos e 3 - 6 anos.

3. Características desta Fase:

A criança aprende através de experiências sensoriais, isto é, vendo, apalpando, ouvindo, movimentando-se. Fala com o corpo todo e ouve com o corpo todo.

Além disso, apresenta outras características:

O egocentrismo:

“Criança pequena não é egoísta. Ela é egocêntrica. Isso quer dizer que ela pensa que tudo existe por causa dela, para ela, por ela. Toda criança acredita que tudo acontece porque ela existe. Só quando ela aprende a conviver com outras pessoas é que aprende as regras da convivência e deixa de ser egocêntrica”. O educador da fé deve solicitá-la para o exercício da cooperação.

A capacidade de fantasiar:

“Nada teria sido inventado e muito pouco descoberto sem o uso da fantasia. Imaginar e fantasiar são direitos da criança porque fazem ela sonhar, criar, duvidar, divergir, discordar das coisas estabelecidas e tentar mudá-las. Toda criança imagina e fantasia”. Ainda não faz diferenciação entre o mundo real e o imaginário. Assim, a criança faz com que os animais, os objetos, as plantas “vivam”, pensem, falem, como se fossem seres humanos. Vive no mundo do “faz de conta”.

A imitação:

A criança revela fielmente o seu meio através de gestos imitativos da atitude dos irmãos, dos colegas, dos adultos que a cercam, principalmente através de gestos dos pais.

A afetividade:

A criança tem grande necessidade de carinho. Através de gestos concretos de amor dos pais, catequistas, professores a criança será capaz de se desenvolver com maior segurança e estabilidade emocional.

A auto-identidade:

Por volta dos 3 anos a criança já revela sua identidade pessoal.

“Educar a criança é transmitir-lhe amor e segurança, o que lhe dará confiança para investigar, explorar, descobrir e desenvolver-se com liberdade para ser, para estar e para viver.”

Aos poucos, a criança toma consciência do seu corpo e da sua individualidade durante seu desenvolvimento pessoal. A educação da fé deve colaborar também para esta descoberta levando o catequizando a fazer, pouco a pouco, a experiência de Deus em sua vida.

“Um momento muitas vezes decisivo é aquele em que as criancinhas recebem dos pais e do meio ambiente familiar os primeiros elementos da catequese, os quais não serão mais, talvez, do que uma simples revelação do Pai celeste, bom e providente, no sentido do qual tais criancinhas hão de aprender a voltar o coração.” (CT - 36)

A brincadeira:

“Os adultos têm dificuldade de reconhecer o direito de brincar, e de reconhecer que brincar é o trabalho da criança. Brincar é uma necessidade, uma forma de expressão, de aprendizado e de experiência. Todas as crianças em todo o mundo, mesmo nas mais terríveis condições de dificuldade, pobreza e proibição, brincam. Para aprender, ganhar experiência, exercitar sua criatividade e fantasia, desenvolver-se. Brincando é que a criança organiza o mundo, domina papéis e situações e se prepara para o futuro.”

Viver o presente:

A construção da noção de tempo, se faz pela experiência e ação da criança que, em seus primeiros anos de vida vive o presente de forma intensa. Cabe ao educador da fé valorizar e aproveitar bem o momento presente a fim de que a criança se desenvolva diariamente e possa perceber a presença amorosa de Deus em todos os momentos de sua vida.

4 - A educação da fé

A educação da fé pode ser realizada de maneira mais estruturada, mas é sobretudo ocasional, já que a criança vive o momento presente. Os pais e catequistas podem aproveitar as festas litúrgicas e as do calendário civil, os acontecimentos do dia a dia.

Diz-nos o Papa João Paulo II, na Exortação Apostólica “Familiaris Consortio”: “Pela força do ministério da educação, os pais mediante o testemunho de vida são os primeiros arautos do Evangelho junto aos filhos.” (2)

É importante ressaltar que a educação religiosa da criança deve realizar - se na escola ou na Igreja, porém sempre ligada com a família, da qual depende principalmente o crescimento da fé nesta idade.

5 - A oração

A oração tem como objetivo reconhecer o amor de Deus, desenvolver a confiança que devemos depositar n’Ele, e sermos agradecidos por tudo que ele fez e faz por nós. As crianças têm o direito de aprenderem a rezar. Os adultos devem educar os pequeninos a exprimirem de forma espontânea os seus sentimentos através de orações de agradecimento, louvor, perdão ou pedido de ajuda. “Brevíssimas orações que as crianças hão de aprender a balbuciar, constituirão o início de um diálogo amoroso com aquele Deus escondido de que elas vão começar em seguida a ouvir a Palavra.” (CT 36). (3)

6 - Atividades

Desenho livre, modelagem, dramatização, jogos, pintura, dobradura, colagem, música com gestos, música ilustrada, passeios,....

7 - Idéias essenciais da catequese neste período

A criança pequena tem necessidade de ser amada e de amar; é capaz de se maravilhar ao olhar o mundo que a cerca. Pode, portanto, crer em Deus Pai, criador de tudo o que existe. Através do amor dos pais, ela perceberá o amor de Deus. Por isso as idéias essenciais para a catequese deste período poderão ser: Eu sou uma pessoa amada por Deus. Deus criou o mundo por amor.

Notas:

1 - Revista de Catequese, número 34, Ed. Salesiana. 1985.

2 - Exortação Apostólica Familiaris Consortio (“A missão da família cristã no mundo de hoje”) – Papa João Paulo II. 1981.

3 - Exortação Apostólica Catechesi Tradendae (“A catequese hoje”) – Papa João Paulo II. 1979.

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